Você conhece a área da Psicologia dedicada à saúde? Já ouviu falar em Psicologia da Saúde? Então dá uma lida abaixo!
Cada vez mais a ciência tem entendido que a saúde não se trata apenas da ausência de doenças e a própria noção de doença se expandiu para entender que questões psicológicas e sociais também podem gerar saúde ou doença.
Sabe-se hoje que o estilo de vida que o indivíduo mantém contribui muito para o desenvolvimento ou agravamento de quadros de doença. Muitos desses hábitos de vida são desenvolvidos ao longo do crescimento, e o modo como esses indivíduos aprenderam a se alimentar e praticar atividades físicas influenciam diretamente seus comportamentos na adultidade.
Dentro desse cenário, a Psicologia tem focado em estudar os comportamentos que levam à promoção de saúde e de doença, bem como visam encontrar meios para expandir a frequência de comportamentos saudáveis.
Psicologia da Saúde
A Psicologia da Saúde compreende a área da Psicologia cujas pesquisas e aplicações visam compreender e atuar sobre a relação entre comportamento e saúde, ou comportamento e doenças. O objetivo é estudar comportamentos psicologicamente saudáveis em diversas situações, os quais não agravem ou alterem o estado de saúde do indivíduo.
Sua atuação está fora do modelo centrado apenas no físico, na visão biologicista da saúde mas, sim, na relação que o indivíduo tem consigo mesmos e com o mundo à sua volta. Esses profissionais buscam fazer com que o conjunto de atitudes e comportamentos que levam à saúde comecem a fazer parte dos projetos de vida dos sujeitos, tais como comportamentos que previnem doenças ou seu agravamento, bem como acompanhar aqueles indivíduos que precisam se ajustar ao enfrentamento do processo de adoecer, suas doenças e eventuais consequências.
É uma busca por compreender qual o papel das variáveis psicológicas na manutenção e desenvolvimento de saúde. Também se pode associar à atuação dos profissionais psicólogos em questões de saúde, levando em conta os fatores sociais, culturais e ambientais relacionados com a saúde e a doença.
Psicologia clínica
A Psicologia da Saúde se diferencia da Psicologia Clínica por visar compreender o comportamento no contexto da saúde e da doença, ao passo que o contexto da clínica pode envolver outras áreas da vida do ser humano. É uma área que aplica os conhecimentos da Psicologia a problemas de saúde e doenças. Pode ser confundida inadequadamente com:
1. Medicina psicossomática: é a especialidade médica das enfermidades determinadas por fatores emocionais, cujas intervenções partem de um princípio psicanalítico interpretando os conflitos inconscientes específicos que geram as doenças.
2. Medicina comportamental: é uma área que reúne técnicas de modificação do comportamento para prevenção, tratamento ou reabilitação. Foca na ideia de que a maioria das doenças são derivadas de comportamentos disfuncionais e está em relação direta com a medicina do estilo de vida.
3. Psicologia hospitalar: é o entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento. Atua no contexto hospitalar, na qual o profissional disponibiliza para os pacientes, sua família e a equipe multiprofissional os saberes da Psicologia para resgatar a singularidade do paciente, de modo a lhe entregar um tratamento digno e humanizado.
4. Psicologia médica: estuda as relações assistenciais e seu foco é na terapêutica do processo. Sua atuação é clínica a partir de uma visão psicossomática da medicina. Possui como principal objetivo entender as relações humanas no contexto médico, a partir de uma compreensão do homem em sua totalidade, e no diálogo entre mente e corpo.
Modelo biomédico
O modelo biomédico foi formulado a partir dos princípios básicos do modelo cartesiano e mecanicista, o qual defendia que o universo inteiro era uma máquina prodigiosa, funcionando tal qual um relógio, de acordo com leis matemáticas. Logo, trata-se de uma visão cartesiana do mundo, em que a doença consiste num mal funcionamento de um componente ou entre partes de componentes de um indivíduo. Curar uma doença, a partir desse paradigma, equivaleria a recuperar uma máquina.
Esse paradigma também reduz o indivíduo, cuja singularidade e fenômenos são amplos e complexos, apenas ao seu corpo, sem avaliar sua relação com a mente ou com o ambiente. Embora tenha ajudado a desenvolver a medicina em diversas áreas, o modelo não é compatível com o desenvolvimento da civilização atual e todos os desafios em saúde no século 21.
Existem alguns princípios da saúde baseada no modelo biomédico, tais como:
1. Ênfase no princípio de que todos os sistemas corporais tendem a se reduzir a sistemas com pequenas partes que podem ser consideradas separadamente;
2. O indivíduo em toda sua complexidade e singularidade deixa de ser o centro da atenção médica;
3. Enfoque no corpo, no organismo e suas partes, menosprezando o meio ambiente e as emoções.
Atuação
A Psicologia da Saúde é ainda um campo em consolidação e amadurecimento. A maioria desses psicólogos trabalham em hospitais, clínicas e departamentos acadêmicos em universidades, onde podem fornecer ajuda direta e indireta aos pacientes. Em sua intervenção, os psicólogos da saúde podem fornecer atendimento a pacientes com dificuldades de ajustamento à sua condição de doença, auxiliar na redução de sentimentos ansiosos ou depressivos após receber um diagnóstico e ensinar métodos psicológicos para ajudar o paciente a manejar ou gerir seus problemas de saúde como, por exemplo, aprender a controlar situações de dor.
Atua, ainda, na prestação de cuidados de saúde na atenção básica e de média complexidade, serviços de saúde mental, unidades de dor, oncologia, serviços de saúde pública, serviços de saúde ocupacional, consultas de supressão do tabagismo, serviços de reabilitação e outros.
Geralmente, os psicólogos da saúde recebem treinamento primeiramente clínico para depois se direcionarem para esta área.
Dessa forma, cada vez mais são precisos profissionais e pesquisas que valorizem o ser humano integralmente, a partir de uma visão holística e biopsicossocial, para sair da redução do ser humano a pequenas partes que podem ser “consertadas”.
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Referências:
ALMEIDA, R.A. & MALAGRIS, L.E. A prática da psicologia da saúde. Rev. SBPH. 2011.
ALVES, R.F. org. Psicologia da saúde: teoria, intervenção e pesquisa. EDUEPB. 2011.
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