Crise existencial: o que é e o que fazer

16/08/2021 às 23:51 Dicas

Crise existencial: o que é e o que fazer

Os relatos são muitos de que, em algum ponto da vida, uma espécie de crise chega para questionar as certezas já adquiridas e o significado da vida para cada indivíduo em específico. Mas o que são essas crises existenciais e como lidar com elas? Dá uma olhada!

Vivendo uma crise

Eventos que nos sobrecarregam emocionalmente e nos chocam podem ter severas consequências para nossas vidas. Uma crise é todo evento estressor que sobrecarrega os recursos do indivíduo em sua dimensão biopsicossocial, e pode originar uma série de distúrbios ao funcionamento normal do indivíduo. Estudos relatam que ao longo do curso de uma doença, muitos momentos estressantes podem desencadear uma crise, já que o confrontamento com uma situação que põe a vida da pessoa em risco pode gerar grande perturbação e até mesmo levar a uma crise existencial.

Exemplos típicos de traumas que podem dar início a uma crise são situações dolorosas, violentas, abusos sexuais, incesto, traumas de guerra, acidentes e experiências de quase morte, entre outros eventos sérios. Outros eventos podem parecer inofensivos, como um exame estressante, a rejeição e a negligência na infância, podem mobilizar e sobrecarregar os indivíduos o suficiente para que ele responda ao choque de forma irracional e prejudicada.

Dando sentido às vivências

Ao longo das vivências e experiências de vida, a cognição se volta para a interpretação dos fatos e eventos, que são “comparados” com sistemas de significado já existentes no indivíduo. Os sentidos que vão sendo atribuídos a esses eventos passam por uma avaliação de quão perturbador ele será diante do sistema de crenças já consolidado e as possibilidades de influência são calculadas numa tentativa de prevenir consequências negativas que este sentido pode ter para o indivíduo. Ao dar esse sentido, o sentimento de controle surge, e os indivíduos tentam “refazer” e construir o mundo em uma realidade compreensível e manejável. Nesse processo de construção de significados e sentidos, o ser humano se coloca no centro do seu universo, avaliando o significado de tudo para ele próprio. Ao ser confrontado com a possibilidade de morte, a maioria das pessoas tentam controlá-la por meio da negação da realidade e da projeção de um futuro distante, além de seus horizontes. No entanto, existem muitos eventos que não podem ser explicados ou controlados de modo ativo e racional, ou seja, não podem ser interpretados dentro de um sistema de significados individuais nos quais se encontram as estratégias de enfrentamento mais familiares. Para lidar com essas experiências é preciso uma postura maior aberta e receptiva para um significado que não é racional mas, sim, experiencial, pelo senso de conexão com algo maior. Se sentir parte de algo maior pode diminuir a sensação de ameaça imediata, um novo sentido é dado à existência quando o ser humano não se coloca como centro do universo, abrindo mão das coisas que não pode controlar.

O que é uma crise existencial?

Geralmente uma crise existencial diz respeito a problemas ou dificuldades para atingir metas de vida, pois algo dentro de nós vive desesperadamente em busca da realização de algo que queremos: a realização daquilo que vemos como propósito de vida, um sistema de crenças que está em constante contato com a realidade do indivíduo. Quando este se depara com algo que impede de seguir seu propósito de vida, há a tentadora vontade de negar a responsabilidade e escapar à situação de perda dos sentidos, afetando a qualidade de vida do indivíduo.

Características de uma crise existencial

De acordo com estudos científicos, existem as seguintes dimensões características da natureza de uma crise existencial quando manifesta. Veja:

  1. Consciência da finitude: a percepção da própria finitude é uma das características que podem facilitar o aparecimento de uma crise existencial, onde o indivíduo passa a questionar o seu tempo enquanto a finitude não chega.
  2. Dissolução do futuro: o tempo de vivência enquanto a finitude não chega passa a ser visto como algo limitado e restrito, o que resta do futuro pode parecer ameaçador e alarmante.
  3. Perda de sentido: a limitação promovida pela expectativa de vida pode causar perturbação na continuidade da vida, pois as metas, especialmente as de longo prazo, passam a perder seu sentido. Visões religiosas ou ideológicas perdem seu poder de convencimento e o indivíduo passa a se questionar: para que estou vivendo? Qual o sentido do tempo que me resta?
  4. Medo, ansiedade, pânico e desespero: o indivíduo se torna consciente de todas as ameaças futuras que o esperam. Todas as informações, especialmente as negativas, podem causar ansiedade, pânico ou raiva.
  5. Solidão: a pessoa se sente como um outsider, um estrangeiro “marcado pelo destino” a se sentir sozinho.
  6. Desamparo: o indivíduo se sente desamparado e sem forças diante do desafio que o faz questionar a existência, por exemplo, no enfrentamento de uma doença para a qual o indivíduo não se sente capaz de lidar, principalmente com a intensidade das emoções despertadas.
  7. Crise de identidade: surgem questões a respeito da identidade individual, que pode ser seguida da perda da sensação familiar de identidade própria e sintomas severos como mutilação física, dependência de substâncias e outros.

O que fazer durante uma crise existencial?

Do ponto de vista holístico, acredita-se que os aspectos físicos, emocionais e mentais do trauma podem ser manejados de forma simples, ajudando o indivíduo a sentir, entender e deixar ir as crenças e decisões negativas em relação a um evento estressante. Pessoas com mais suporte e acolhimento conseguem liberar seus traumas, especialmente os da infância, para melhor conseguir lidar com a raiz da crise existencial atual.

É preciso confrontar a situação ou trauma que desencadeia a crise existencial para superar suas consequências negativas na vida de uma pessoa. A consciência mental, o respeito aos sentimentos, o cuidado com o corpo, o reconhecimento de ser algo mais (dimensão espiritual), aceitação da própria aparência, sexo e gênero são recursos para lidar com uma crise existencial.

Veja alguns passos que podem ser dados durante uma crise existencial:

  • Procure se acalmar, tirar um tempo para relaxar da sobrecarga emocional e regular as emoções;
  • Coloque em um papel (ou recurso de sua preferência) todas as informações, pensamentos e sentimentos, além das atitudes que tem tomado para enfrentá-los, de forma que possa ver o que está acontecendo “de fora” e ter uma visão mais ampla do que está acontecendo e afetando a sua vida;
  • Se sentir dificuldades para avaliar a situação de uma forma mais ampla, procure expandir seus horizontes junto à um profissional da saúde mental;
  • Identifique a situação ou trauma que gerou o estresse e que, ao se confrontar com seu sistema de crenças, gerou o atrito e a reação de crise;
  • Crie formas e estabeleça metas para endereçar cada questão que está lhe afetando, resolvendo a crise em pequenos passos, seja acompanhado ou sozinho;
  • Comemore mesmo os primeiros passos, uma crise existencial pode ser uma grande oportunidade de encontro real consigo mesmo e com o que mais lhe importa.

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Referências:

SAND, L. et al. Supporting in an existential crisis: a mixed-methods evaluation of a training model in palliative care. Palliative and Supportive Care. 2017.

VENTEGODT, S. et al. Clinical holistic medicine: the existential crisis - life crisis, stress and burnout. The Scientific World Journal. 2005;5.

YANG, W. et al. Existential crisis and the awareness of dying: the role of meaning and spirituality. OMEGA. 2010.

 


Conheça mais:

Rodrigo Huback

Rodrigo Huback Head Trainer de Practitioner PNL, Master PNL, Método B2S e Hipnose Clínica

Mais de 10 anos dedicados ao desenvolvimento humano; Mais de 15 anos empreendendo em alta performance; Pedagogo; Master Trainer em PNL; Master Trainer em Coach; Membro Trainer de Excelência na NLPEA; Membro Trainer da ANLP; Trainer Comportamental; Hipnoterapeuta.


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